sábado, 18 de julho de 2009

Participei de discussão sobre o Taquari, em Coxim

Participei a pouco, em Coxim, de uma reunião no Sebrae, junto ao senador Delcídio do Amaral, parlamentares e prefeitos da região norte. O debate girou em torno do desastre ambiental no Rio Taquari.

Rio piscoso e navegável, o Taquari passa por um processo de assoreamento que alterou de forma irreversível o ambiente do Pantanal. O desmatamento das matas ciliares para a implantação de lavouras a partir dos anos 1970 acelerou o carreamento de areia, que ocorre naturalmente na planície. Sem suas margens, o rio jogou água para fora e inundou permanentemente milhares de terras.

Hoje o ambiente é devastador. O que era um lugar cheio de vida e exuberante tornou-se silencioso, sem a fauna e com a vegetação morta pelo ambiente úmido. O que se vê, do alto, são florestas de troncos secos, os “paliteiros”. O peixe, sem comida, sumiu de suas águas barrentas e rasas, onde a areia pura não sustenta raízes de plantas aquáticas e nem permite a formação de musgos.

Em vários trechos o rio se divide em dois e a água que joga para a planície não volta para o leito. A vegetação é um labirinto de aguapés que confunde os mais experientes piloteiros de barcos da região. O rio se esparramou e confunde quem estava acostumado a navegar no seu canal. Muitas propriedades estão isoladas, não se chega a elas nem de canoa a remo por causa da concentração de plantas aquáticas.

Ação tardia

A morte do Taquari também expulsou o homem, do pequeno sitiante ao grande criador de gado, enquanto, nestes 30 anos, ambientalistas, pantaneiros e poder público não se entendiam na definição de uma solução para salvá-lo. A maior das polêmicas foi o fechamento, pelos fazendeiros, dos canais abertos com o transbordamento do Taquari - os “arrombados”, proibidos pela Justiça.

Depois que os ambientalistas e o Ministério Público entenderam que o desastre ecológico era também social e econômico, avançou-se para um consenso em relação às intervenções previstas no programa de revitalização do rio, lançado em novembro passado.

A ação governamental será desenvolvida até 2011 e prevê a recuperação de áreas degradadas, dragagem, créditos diferenciados para a pecuária, proteção das cabeceiras, adequação da malha viária, programa de monitoramento ambiental na bacia, recuperação da cobertura vegetal e plano de gestão de resíduos sólidos. As obras de intervenção para recuperar o leito exigirão licença ambiental.

Um dos últimos estudos para recuperar o Taquari, apresentado pela Embrapa Pantanal, previa investimentos de R$ 1,8 bilhões - valor questionado como excessivo. Somente a dragagem, retirando 60 milhões de metros cúbicos de areia, custaria R$ 180 milhões. A proposta sugeria “criar” um novo leito na parte oeste do arrombado Caronal, no valor de R$ 240 milhões, e a construção de uma represa em Coxim.

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